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Lädt ... Pomba Enamorada ou uma História de Amor e Outros Contos Escolhidosvon Lygia Fagundes Telles
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Google Books — Lädt ... GenresMelvil Decimal System (DDC)869.93Literature Spanish and Portuguese Portuguese Brazilian Portuguese Brazilian fictionBewertungDurchschnitt:
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Conto Solto — 4.5 Estrelas — 6pg
Inteligente e irônico desde o seu título, “Pomba Enamorada ou Uma História de Amor” é pura idealização, fantasia e delírio; da mais alta qualidade e técnica literária, em uma união de forma — um suspiro longo de (des)amor sem pausas — e conteúdo muito bem arquitetados. A escrita como um todo, na verdade, desde a decisão pela utilização do discurso indireto livre, a dicção e voz das personagens, as manias, coloquialismos e vícios de linguagem que o narrador vai pegando da protagonista, a optação pela fluidez — observada nas vírgulas e na pontuação de quase todas frases, o bloco barra parágrafo único, que engloba todo o conto (e que casa com o conceito da narrativa ser um suspiro narrativo escoante): é tudo tecnicamente soberbo.
Observem, por exemplo, o quanto a Lygia diz com poucas palavras, logo no comecinho:
O suor e tontura, a passividade e a abertura, a posição social da protagonista: todos esses aspectos vão reverberar e descambar sobre toda a narrativa de alguma forma; a paixão que a tonteia, o suor que representa suas peculiaridades e estranheza, o abrir-lhe dos braços e o sorriso que revela uma franqueza e exposição do desejo inconsumível: vai tudo se repetindo e escalando em proporções tragicômicas.
É arrebatadoramente bem escrito. A linguagem, como disse, preza pelo ritmo, no entanto, outro ponto muito interessa, é a voz, mas não a voz narrativa ou internalizada, a voz como aspecto físico mesmo, a Lygia consegue, de certa forma, emanar do texto as vozes das personagens: gritos em maiúsculas, comentários serenos entre parêntesis — que você sabe ser de um personagem, mas vem como se fossem uma vozinha no fundo do subconsciente; é um recurso interessante e inteligente que funciona muito bem.
Tem seis páginas, mais ou menos, portanto, não vou entrar no campo do enredo. Leia você mesmo. É, por alto, uma história de amor incorrespondido e idealizado; ao ponto de não poder nem mesmo mais ser chamado de “amor de juventude”, pois quando assim o chamamos, o fazemos de um ponto superior, rememorando-o: no caso da Pombinha, ela nada maturou, e ele ficou intocado, como o tempo não tivesse passado, é infantil e estranho, mas não completamente incompreensível. Um tipo de amor em que nega-se você mesmo em função do outro, elevado a décima potência.
Eu li o conto em uma mini-antologia que apresentava, percebi ao terminar, três modos diferentes de se narrar, e me fez atentar que a mera sequenciação e escolha de que contos seguem quais, já nos passam alguns significados e associações. Por exemplo, se "Pomba Enamorada" com sua narrativa fluída, com a sua simbiose de narrador e personagem, sempre prezando pela cadência da sequência de eventos, não fosse precedido do conto "Confissão" do Luiz Vilela, que literalmente não tem narração, é puro diálogo, direto, sem exposição ou descrição, eu provavelmente não teria me atentado tanto a esse aspecto do conto da Ligya. Entende?
Esse contraste salta aos olhos principalmente, pois, esse conto só de diálogo que citei, que supostamente deveria ser mais rápido, torna-se menos fluído, menos ágil e menos rítmico quando defronte do conto da Lygia, que não tem nem mesmo divisão de parágrafos, mas ainda sim é esteticamente muito superior; arrisco, quase perfeito.
É o primeiro de muitos que lerei dela, a partir de agora. Vou correr atrás do prejuízo. ( )