Um livro estranho pós-maio 68, cheio de ideias mas especulativamente selvagem e argumentativamente bagunçado, em que a premissa principal - de que a música é um campo especial para a economia política porque prefigura formações sociais - é apenas fragilmente defendida, faltando base histórica e consistência comparativa para se sustentar. Ao mesmo tempo, dá o que pensar, no fato do desenvolvimento ocidental da música de concerto não ter correlato no oriente e na desigualdade da expansão capitalista nesses âmbitos. Ademais, possui uma periodização interessante, tratando a música como prática social sempre misturada a traços formais mais pronunciados - do uso ritualístico no sacrifício, ao harmonizador na representação, até a repetição e as práticas de silenciamento social e normatização em um sistema de massas e de estrelas, para lançar-se ao futuro incerto da "composição", onde vontade individual (attali é confuso sobre o quanto isso se relaciona com cenas e comunidades) se uniria com a abundância pós-capitalista para uma música do bem estar contra a ideia de demanda, ligada ao estágio da repetição. O livro é inconsistente, mas a leitura leva estranhamente a vislumbres satisfatórios (como as gravações de música separam preço e valor e como em geral a sociedade que separa preço e valor levaria a uma na qual as ações dissociariam um do outro, sociedade da prática amadora generalizada, por exemplo). ( )

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