Neste volume encontra-se o antológico "O Alienista"

“Papéis Avulsos” é o terceiro livro de Machado de Assis e foi lançado em 1882. Ao lado de Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), esta obra é um marco na carreira de Machado e inaugura sua fase realista. O título da obra, que remete à casualidade na estrutura dos contos reunidos, deixa transparecer a ironia típica de Machado: como estabelecer a ordem em uma sociedade fundada em bases contraditórias e violentas? Porém, como o próprio autor afirmou no prólogo “Advertência”, por mais que as histórias reunidas neste livro tenham certa independência entre si e neguem uma certa unidade, elas também estão unidas dentro de um mesmo molde e seus temas são análogos. Em “Papéis Avulsos”, Machado utiliza grande ironia e um pouco de pessimismo para tratar a respeito da contradição entre ser e parecer, entre vida pública e vida interior/íntima, entre a máscara e o desejo. Estes serão temas clássicos e fundamentais dos contos de Machado daí em diante. Para tratar desses pares antagônicos, o autor irá fazer uso de sua grande capacidade linguística para contrapor as reais intenções das personagens com o que elas aparentam. Os 4 principais contos presentes nesta obra são “O Alienista”, “Teoria do medalhão”, “O segredo do bonzo” e “O Espelho”. O Alienista, sátira machadiana por excelência, é um exame da condição humana e um comentário sardônico sobre quão variados nós mortais somo: a sanidade costuma ter nuanças e gamas, dependendo dos costumes da sociedade em que vivemos. O século XXI aprendeu a ser menos crítico do que o século XIX. Felizmente? ou infelizmente? Raro é o dia em que não se ouve, nos telejornais, histórias de dementes soltos, impunes e/ou empoderados... ( )