Quando li Vou Cuspir no seu túmulo achei que a misoginia dizia respeito à personagem de que se tratava, mesmo porque havia lido a Espuma dos Dias e este era um livro bastante lírico. Mas então agora leio esta coletânea de poemas e finalmente percebo que a misoginia é algo entranhada no próprio Vian, primeiro aparece um poema que ele afirma preferir transar com um cachorro do que com uma mulher tapada, depois aparecem pequenas tiradas aqui e alí, mas o mais inacreditável, a cereja do bolo de um verdadeiro odiador de mulheres é ser capaz de escrever isso aqui:
"Nunca encontrei uma mulher
Que me fizesse arrepender-me de ser homem.
Peço a elas que não tomem isso por elogio."
Eu leio para caralho e escritores das mais variadas épocas, mas nunca li nada tão ultrajante quanto esse poema, pqp, e ainda presente numa coletânea que se supõe melhores poemas. Não vou dizer que não há coisa boa aqui, há, por isso estou dando duas estrelas em vez de uma. E não é à toa que a mulher do Vian o deixou pelo Sartre. ( )